Nova temporada, novas conversas "1 on 1" com os GM's que fazem do ChampNBA aquilo que é. Numa série de duas entrevistas - para ter uma visão de cada conferência, o "representante" do lado Oeste é Pedro Gomes. O GM dos Oklahoma City Thunder já é reconhecido como um "estudante" do jogo, pela sua irreverência analítica e o investimento em olhar para todos os números. Na offseason viu vários dos seus jogadores evoluírem nos training camps e ainda juntou Lebron James ao roster. E agora? O que podem esperar os adeptos de OKC? Ao que parece, uma época de sucesso.
Filipe Pardal - Nova época em Oklahoma, desta vez desde o dia 1 aos comandos da equipa. Os amigáveis saíram na perfeição, mesmo com vários testes, mas há quem veja ainda algumas fragilidades numa equipa muito jovem (agora com Lebron James ao comando). Quais são as perspetivas para a temporada?
Pedro Gomes - A nova temporada promete ser um verdadeiro teste de equilíbrio entre juventude e experiência. A chegada de LeBron James, mesmo aos 40 anos, trouxe à equipa o líder capaz de elevar os níveis de competitividade nos momentos decisivos. No entanto, a evolução dos jovens talentos ficou um pouco aquém das expectativas, o que poderá limitar o impacto imediato da equipa. Ainda assim, os amigáveis revelaram dinâmicas encorajadoras, com uma consistência defensiva superior ao esperado. Perspetiva-se uma época emocionante, onde cada jogo será uma oportunidade de aprendizagem e um passo na construção de uma equipa sólida e competitiva a médio prazo.
FP - Mas OKC acabou por ter alguns dos jogadores que evoluíram mais em termos númericos. Considera que falhou a aposta em esperar pela evolução de jogadores mais jovens? E isso vai ser um stepback nas aspirações de playoff já este ano?
PG - Em termos absolutos sim, alguns dos jogadores tiveram uma evolução significativa, no entanto, faltou alguma gestão de expectativas, daí que esperar que essa evolução fosse simultaneamente imediata e significativa pode ter sido uma abordagem arriscada. A inconsistência típica de jogadores jovens pode ser um obstáculo para aspirações de playoffs imediatas, especialmente numa conferência competitiva.
Ainda assim, não considero que tenha sido um erro absoluto. Jogadores como Cade Cunningham, Dyson Daniels, Mark Williams, Bilal Coulibaly e Ausar Thompson mostram potencial de crescimento, e a presença de LeBron James oferece um equilíbrio essencial entre liderança e desenvolvimento. Este ano pode ser visto como uma fase de transição no processo para objetivos mais ambiciosos, talvez com impacto limitado na corrida aos playoffs, mas com benefícios estratégicos a médio prazo.
FP - Com essa aprendizagem da temporada passada, qual vai ser a abordagem do GM dos Thunder no mercado? Os adeptos vão continuar à espera do futuro ou já podem contar com sucessos imediatos?
PG - Bom, a abordagem no mercado tem passado por acrescentar alguma experiência, e ainda assim assegurar sustentabilidade do projeto a longo prazo, as trocas de 2 dos rookies escolhidos por Dante Exum e Maxi Kleber mais 2 picks asseguraram um reforço da experiência no roster e a garantia de 3 picks em cada draft nos próximos 2 anos, sendo que o cap disponível permite negócios mais ambiciosos. Uma FA onde garantimos LeBron James abaixo do preço esperado e onde admito, Markelle Fultz veio por um valor bem acima do que se podia ter garantido, mas que tem explicação, a nível de PG backup, Fultz apresentava dos melhores +/-, e se medirmos apenas as stats individuais, é um jogador que a nível de backup, está nos primeiros 5/6 da sua posição. Quanto a expectativas, se na época passada, e com um roster inexperiente conseguimos lutar pela presença nos playoffs até ao último dia. Com a evolução dos jogadores, mais a entrada de LeBron James que é sempre um valor certo na Liga, e a adição de jogadores experientes como Fultz e Kleber que são um upgrade em relação ao que existia na época passada, a luta por um lugar nos playoffs tem de ser assumida perante os nossos adeptos.
FP - Temos a certeza que os adeptos olham com bons olhos para tal ambição. Já é conhecido na nossa "praça" como um dos GM's que mais tempo investe a analisar tácticas e a analisar os adversários contra quem joga. Como é que vê, portanto, o aumento do leque de opções tácticas para esta temporada?
PG - O objetivo sempre foi tentar estar pelo menos um passo à frente, ajustando as estratégias conforme as nossas características e também “pensando fora da caixa” em relação à forma como o adversário espera que joguemos. Com um maior leque de opções, podemos ser ainda mais flexíveis e adaptáveis, além de sermos mais proativos e menos reativos durante a temporada. Acredito que isso trará mais dinamismo e profundidade ao nosso jogo, surpreendendo positivamente os nossos adversários. Uma das nossas principais forças no roster é que, entre o 3º/4º jogador e o 15º, não existem grandes diferenças de qualidade. No entanto, o trabalho contínuo de análise e adaptação continua a ser fundamental para alcançarmos os melhores resultados.
FP - Já falamos de Lebron James, mas estaríamos em falta se não falássemos de Cade Cunningham. Já é um dos melhores bases da liga e só tem 23 anos. O reverso da medalha é ser expirante este ano. Qual vai ser a estratégia, trocar ou "rezar" por uma renovação que pode não chegar?
PG - A prioridade passa por manter Cade Cunningham, nunca o escondemos e sempre assumimos que era a peça basilar do projecto. Em relação à renovação, a nossa estratégia mais ampla passa por avaliar todas as opções. Por um lado, gostaríamos de manter um jogador tão talentoso, mas, como sabemos, a negociação de contratos é sempre um processo complexo e dinâmico, e por vezes, nem os resultados positivos seguram os jogadores. O importante será sempre garantir que a equipa tenha a melhor composição possível para o futuro, seja com uma renovação de Cade ou explorando outras alternativas no mercado.
FP - Olhando agora para o resto da liga, quais considera serem os principais adversários na luta pelo anel? E quais considera ser os seus principais adversários diretos? E porquê?
PG - Nesta Liga temos de considerar um conjunto de candidatos como "crónicos" face à consistencia, qualidade, e também à forma como se reforçaram, colocaria como candidatos ao anel, obviamente os Knicks, que vão defender o seu título, e também os Kings, Bulls e os Jazz, especialmente estes últimos, o Adriano num par de meses colocou os Jazz nos playoffs, com mais tempo de trabalho acredito que vá ainda mais além. Quanto aos meus adversários diretos, coloco os Pelicans, Rockets, Mavs e Warriors, pelo motivo de que mexeram-se muito bem na FA, especialmente os Mavs, com rosters muito equilibrados e com muito talento. Os Pelicans não tendo uma FA muito ativa, mas têm um 5 inicial fortíssimo! É uma conferência muito competitiva, e acredito que à semelhança da época passada, todas as decisões ficarão reservadas para os últimos jogos.
FP - Se pudesse escolher qual seria o seu 5 ideal da liga? Inclua GM e Head Coach.
PG - A escolha tem sempre uma grande dose de subjectividade, mas o meu 5 inicial da liga seria Jokic, Anthony Davis, LeBron James, Curry e Doncic. Coloco 2 PG no 5, porque penso que se complementam na perfeição. Com Gregg Popovich a Head Coach e o Adriano como GM!
FP - Muito obrigado pelo tempo dispensado e pelo magnifico trabalho nos OKC e no champnba. Para terminar, gostariamos de ouvir opinião sobre as novidades do Champ para a época 2, bem como dar-lhe oportunidade de deixar qualquer sugestão...
PG - Eu é que agradeço por todo o trabalho em prol de uma Liga cada vez mais competitiva e forte! A época 2 promete, as DCs obrigam a um estudo ainda mais aprofundado com a variedade de combinações tácticas a subir, ter a figura de um Head Coach presente, bem como a introdução do moral da equipa tornam o jogo ainda mais realista. Com tanta novidade adicionada e ainda a refletir sobre as mesmas, confesso que nesta fase não consigo ter sugestões, a não ser uma, penso que todas as equipas deveriam começar a época igual ou abaixo do cap limite.
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